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Sem carnaval pelo segundo ano, representantes falam de impactos nos circuitos dos bairros de Salvador: ‘Pessoas estão sofrendo’

Foto: Reprodução/TV Bahia

O cancelamento do carnaval da Bahia por dois anos seguidos, devido à pandemia da Covid-19, tem sido um prejuízo não só para quem trabalha nos grandes circuitos, mas também tem gerado impactos nas festas menores, que acontecem em bairros de Salvador.

Somente no Nordeste de Amaralina, quase R$ 2 milhões deixaram de circular no bairro, conforme informação apurada pela TV Bahia.

Cassini Rosello, dono de trio elétrico na capital baiana, conta que muitos empresários do setor estão tomando medidas antes impensáveis para quem é do ramo.

“As pessoas estão sofrendo, sem ter qualquer tipo de auxílio. As pessoas estão vendendo tudo o que tem a preços baixíssimo”, revelou o empresário.

Sem a festa em 2021, o estado deixou de arrecadar R$ 1,7 bilhão com os gastos dos foliões, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Além disso, mais de 60 mil pessoas ficaram sem opção de trabalho.

A suspensão de investimento público no carnaval, segundo a SEI, foi de R$ 133 milhões, reflexo do prejuízo dos grandes circuitos e também nos circuitos menores.

O carnaval acontece também em bairros tradicionais da capital baiana como Cajazeiras, Periperi e Liberdade. Em 2020, mais de 443 atrações se apresentaram gratuitamente em quatro noites de festa. Mais de um milhão de pessoas curtiram a folia no carnaval de bairro e um total de 5,2 mil ambulantes foram cadastrados para trabalhar na festa de momo.

No Nordeste de Amaralina, a falta do carnaval impactou na economia local, com a perda dos quase R$ 2 milhões que deixaram de circular. “Aqui, quando nós terminamos o carnaval, as pessoas têm sua fonte de renda durante dois, três meses, oriundas do carnaval”.

“Não só donos de blocos, mas as pessoas que montam os pequenos camarotes na sua residência, bares, restaurantes, o vendedor ambulante”, explica Robson Vieira presidente da Associação de Blocos Carnavalescos do Nordeste de Amaralina (ABCN).

A economia gerada na festa fica no bairro, pois a maioria dos trabalhadores são moradores. Como é o caso do vendedor Anderson Santos, que comercializa cachorro-quente no local. “A população do bairro está carente. É uma renda que, querendo ou não, a gente briga e conquista para levar um pão para dentro de casa, e esses tempos aí têm sido difíceis sem o carnaval”, diz.

Em nota, a Prefeitura de Salvador disse que tramita na Câmara municipal um projeto que concede auxílio emergencial para trabalhadores impactados pelo cancelamento do carnaval, que atuam exclusivamente no setor de cultura e eventos, e que não possuem outra fonte de renda ou atividade.

A votação está prevista para próxima terça-feira (22). A gestão municipal ressaltou que não há previsão de concessão de auxílio para outras categorias que não têm o carnaval como fonte exclusiva de renda.

Para quem vive da festa, a espera maior é por uma folia segura e ainda mais forte no futuro.

“Nada compensa se nós perdermos vidas. Nossa comunidade tem prioridade, nós queremos valorizar a vida de todos. Então, é melhor a gente ter, em 2023, um carnaval com as nossas famílias alegres do que a gente ter que viver a morte das pessoas. O prejuízo existe, mas a vida tem que ser preservada”, concluiu Robson Vieira.

Conteúdo G1

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