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Um diálogo que pode desmontar o tarifaço

 


Trump ligou para Lula nesta semana. A conversa, que segundo fontes oficiais durou cerca de 30 minutos, pode marcar o início do fim do tarifaço que comprometeu o comércio de produtos como café, carne e cacau do Brasil para os Estados Unidos. Depois de meses de tensão diplomática e danos econômicos em ambos os países, o gesto traz um sinal evidente: o pragmatismo, finalmente, pode prevalecer sobre o impulso punitivo que vem norteando a política tarifária americana.

A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, que desde agosto afeta alguns de nossos setores estratégicos, vem prejudicando o próprio consumidor americano. A medida, tomada em tom de retaliação movida por disputas ideológicas e proteção às chamadas "big techs", está elevando a inflação sobre bens cotidianos nos EUA, já evidente nos preços dos veículos, dos brinquedos e do alimento.

Os Presidentes das duas maiores democracias do continente começaram relembrando a simpatia provocada por seu encontro na ONU. Conversaram sobre assuntos pessoais, como a idade, passando por troca de números de telefone, convites para visitas mútuas e por fim, a possibilidade de suspensão das elevadas tarifas sobre a exportação. O Presidente americano chegou a confessar que seu povo sente falta do café brasileiro. O resultado é que, sem abrir mão da dignidade diplomática, Lula conquistou o que mais interessa: o diálogo. Marco Rubio foi designado para conduzir as negociações do lado americano, enquanto o Vice-Presidente Geraldo Alckmin e o Ministro Mauro Vieira serão representantes do Brasil.

Encerrar o tarifaço ou reduzi-lo pode contribuir para conter a inflação nos EUA e restaurar a confiança do mercado externo, que apresenta demanda pelos produtos afetados. Já para o Brasil, representa um alívio da pressão sobre exportadores, especialmente no setor agropecuário, e um reforço do discurso de que é possível buscar acordos sem prescindir da soberania.

Ainda não há uma agenda definida para o encontro entre os dois Presidentes, mas a “química excelente” mencionada por Trump e o “tom amistoso” relatado pelo Planalto sugerem que o gelo foi quebrado. O fim do tarifaço, se vier, será mais do que um gesto de reconciliação comercial. Será a prova de que o diálogo, quando sustentado por argumentos econômicos sólidos e respeito mútuo, continua sendo o instrumento mais eficaz da diplomacia.
Convidado da coluna Hélder

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