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Coluna: Chegamos a dez meses das eleições com uma direita acéfala

 


Faltam dez meses para a disputa eleitoral de 2026. Enquanto a esquerda deposita todas as suas esperanças em Lula, a direita, desde a prisão de Jair Bolsonaro, permanece desorientada, titubeante e, em síntese, acéfala.

As alternativas que restaram aos autointitulados bolsonaristas para competir nas eleições, com poucas exceções, são desconhecidas do grande público. Com seu representante no xadrez após ter tentado romper a tornozeleira eletrônica, ficaram escassas as opções viáveis.

Dentre os que já se lançaram pré-candidatos ao mais alto cargo político do país, Romeu Zema foi o que menos ganhou capital. Em entrevistas diversas, demonstrou desconhecimento sobre o funcionamento de programas sociais de alta relevância, como o Bolsa Família. Também tem lemas impopulares e equivocados, prometendo retirar o país do BRICS e privatizar tudo. Reúne em sua trajetória tragédias sem resposta do Estado que representa.

Ronaldo Caiado, que continua dizendo a todo mundo que é pré-candidato à Presidência, embora desfrute de aprovação em Goiás, é um nome pouco conhecido em nível nacional. Pouca gente lembra que ele foi candidato em 1989, quando obteve pouco menos de meio milhão de votos. Sua demora em decolar diminui a probabilidade de angariar apoios questionáveis, mas necessários para sacramentar uma candidatura. Mais questionável ainda é sua viabilidade, visto que teve o nome associado a abuso de poder, o que resultou em uma declaração de inelegibilidade, já revertida na Justiça.

Eduardo Leite quer lançar voo solo. Entretanto, a própria legenda à qual está vinculado, o PSD, não se decidiu entre ele e Ratinho Jr., outro nome que ainda carece de popularidade em nível nacional, apesar de estar permanentemente associado ao pai famoso.

Notícias explodiram na mídia, dando conta de que, além da dificuldade inerente aos filhos de Bolsonaro de arregimentar votos suficientes para uma odisseia dessa magnitude, eles próprios estariam se opondo a uma candidatura de Michelle. Sem experiência política, enfrentando oposição interna e externa no partido e com um passado pouco conhecido pelo grande público, ela é uma opção improvável.

Tarcísio, governador de São Paulo, sofreu duro golpe recente com a prisão do dono do Banco Master. O cunhado de Vorcaro, Fabiano Zettel, foi o principal doador pessoa física da campanha do governador. Movimentações suspeitas também apontam para irregularidades decorrentes dos processos de privatização movidos por ele no Estado.

O fato concreto é que a direita está fragmentada. Não há um nome de consenso capaz de organizar o bloco, tampouco um pré-candidato sólido a ser trabalhado pela máquina publicitária no tempo que resta. A desordem já se reflete no Congresso, onde antigos aliados ensaiam votos desencontrados e partidos perdem o controle nas orientações às suas próprias bancadas. A essa altura, é remota a possibilidade de surgir alguém com força real para enfrentar Lula, vivo, ativo e com saúde. Para o país, isso aponta para um ciclo de estabilidade política que não deve ser desperdiçado.

Convidado da coluna Hélder

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